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Ex-voto
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Documento
Metadados
Miniatura
Título
Ao Bom Jesus de Matosinhos
Número de registro
194
Denominação
Ex-voto
Classificação
Local de produção
Data de produção
Acervo
Museu do Diamante
Procedência
Distrito de Diamantina
Autor
Material/Técnica
douramento | entalhe | folha de ouro | madeira | policromia | tinta
Temas
Altura (cm)
22,4
Largura (cm)
31,5
Resumo descritivo
Ex-voto (pintura) confeccionado à têmpera sobre tábua de madeira (cedro), em formato retangular, tendo friso interno dourado e moldura em tom vermelho com a parte superior abaulada e orifício na parte central. Cena com representação de figura feminina, grávida e enferma, recostada sobre cabeceira de leito, de cabelos compridos lisos, em tom castanho, trajando camisola branca e coberta por colcha amarelada com ornatos florais em vermelho claro. A personagem está cercada por duas figuras femininas, uma delas, mucama, de cabelos curtos, trajando túnica em tom azul claro, a segura por trás, tendo sua mão direita sobre a barriga da enferma. À sua frente, a parteira a observa, de cabelos castanhos, tez branca, com rosto de perfil e touca branca na cabeça, trajando camisa branca e saia azul clara. Na extremidade direita do leito, figura masculina, de pé, com o rosto de perfil, expressão desolada, tem o olhar direcionado à enferma, apresentando cabelos curtos em tom castanho escuro. (cont. em observações).Traja camisa branca sob traje azul claro, tendo seus braços apoiados sobre o leito. Na extremidade esquerda, figura masculina, representando padre, sentado sobre cadeira, de cabelos grisalhos, trajando camisa bege sob batina. Piso em tom marrom claro. À direita da cena principal, representação de Cristo Crucificado (Senhor Bom Jesus do Matosinhos), com braços estendidos e presos à cruz através de cravos, de cabelos castanhos compridos, barba longa, olhos abertos, tendo cabeça direcionada à frente e encimada por resplendor. Traja perizônio branco e tem os pés juntos e presos à cruz, esta em tom marrom. Na parte superior da cruz, a placa com a inscrição “I.N.R.I.”, em letras pretas. Cristo está circundado por raios de sol e série de nuvens brancas e beges com sombreado marrom, que dividem a cena representada. Fundo em tom bege. Na parte inferior, sob fundo claro, a legenda com a seguinte inscrição, em letras pretas: “M.g. Ees o Sr. DoMatozº, crîansa morta no ventre oito dias a 14 ddezbrº, e/ botoû a 22 do mesmo mês em o anno d1781”. Fundo em madeira lisa. Na listagem complementar manuscrita de 53 são citados: “5 ex-votos recolhidos da Igreja de B. Jesus de Matosinhos de Conde de Magalhães”, enquanto na lista de 1954 são citados: “5 quadros de ex-votos de Bom Jesus (Rio Manso)”. Atualmente, na coleção do museu só foram encontrados 4 ex-votos referentes a Bom Jesus do Matosinhos, estando dois na exposição permanente e dois localizados em Reserva Técnica. Numa das fichas catalográficas é citada procedência de Belo Horizonte. Documentação encontrada no dossiê: 1) Ficha cadastral do Ministério da Educação e Cultura, datilografada e assinada pelo informante e pelo dirigente do órgão, Antonio Eugenio Nas- cimento e João Brandão Costa (respectivamente), datada de 06/12/1970. 2) Ficha cadastral do Ministério da Educação e Cultura, datilografada e datada de 11/11/1974. 3) Ficha datilografada do MEC/IPHAN, referente ao inventário de 1981, sem assinatura, com foto preto-e-branca. 4) Ficha de Acervo Museológico GMCH/MG, em formato de fichário, assinada por Tânia Bravo Leite e por Celina Santos Barboza (1989/1990), com foto preto-e-branca colada. 5) Ficha de Catalogação de Acervo Museológico, registrada por Tânia Bravo Leite (1989) e revisada pela museóloga do Museu da Inconfidência, Celina Santos Barboza, em 1990 (ficha datilografada). 6) Foto em preto-e-branco (12 x 8 cm) e colorida tamanho 10x15cm. 7) Ficha do IPHAN/ 13ª Coordenação Regional, assinada por Ronney Leite Brito, referente à Análise do Estado de Conservação do Acervo/ Museus Vinculados 13ª CR, datada de 12/01/1996.
Marcas/Inscrições
Na legenda, em tinta preta: “M.g. Ees o Sr. DoMatozº, crîansa morta no ventre oito dias a 14 ddezbrº, e/ botoû a 22 do mesmo mês em o anno d1781”
Dados históricos
Sobre Ex-voto: “Testemunho por meio do qual um devoto manifesta gratidão à divindade, ou a um santo, por uma graça especial, mística ou mágica do autor do milagre. Esse testemunho apresenta-se: a) como representação iconográfica (geralmente pintura) da graça obtida e envolve a natureza do milagre (iminência de morte ou destruição, enfermidade ou perigo), o agraciado e o santo; (...) A tradição cultural portuguesa transplantou-se para o Brasil e com ela as práticas do catolicismo ortodoxo ou popular, ergueram-se ermidas, capelas, igrejas, santuários, e as “salas dos milagres” se povoaram de peças esculpidas e de “quadros”. No séc. XVIII, estes eram executados à maneira portuguesa, sobretudo no litoral e em Minas Gerais; eram pinturas em geral primitivas que, embora reproduzissem o ambiente colonial, refletiam a tradição lusa. Mas a grande maioria dos ex-votos se concentra no séc. XIX e tem características bem brasileiras: os temas rurais ou urbanos são documentos ricos em informações; abrangem todas as classes – da aristocracia aos escravos – as práticas da medicina e os enfermos, a arquitetura, a indumentária, a flora e a fauna; representam cenas de agressões de animais, naufrágios, acidentes com carros ou queda de cavalo, incêndios, ataques de inimigos. Nos ex-votos de influência portuguesa o quadro se apresenta em dois planos: o do milagre propriamente dito com a legenda (comum ou em cartela); e do agente sobrenatural envolto num círculo de nuvens, ou entrando por portas e janelas ou, ainda, sob a forma da imagem tal como figura no altar de devoção (nas cenas de doenças o crucifixo ou a imagem do santo aparece na parede sobre a cama do doente).” (1) Foto do ex-voto com a seguinte legenda: “22. No Tejuco, Rita Angélica da Costa pediu ajuda a Nosso Senhor/ do Matosinhos; depois de oito dias de parto, cm a criança já morta/ no ventre, deu finalmente à luz. O ex-voto, de 1781, diz: “Milagre que/ fez o Senhor do Matozinho a Rita Angélica da Costa, estando de parto/ com a criança morta no ventre oito dias a 14 de dezembro e botou/ a 22 do mesmo mês em o ano de 1781”. (2)
Referências bibliográficas/arquivísticas
(1) MOUTINHO, Stella Rodrigo Octavio et alli. Dicionário de Artes Decorativas e Decoração de Interiores. Ed. Nova Fronteira, 1999. Pág. 145. (2) FURTADO, Júnia Ferreira. Chica da Silva e o Contratador de Diamante – o outro lado do mito. Companhia das Letras. São Paulo, 2003. Pág. 170.