Título
Lapinha
Número de registro
201
Denominação
Oratório de pousar com grupo escultórico religioso
Classificação
Local de produção
Data de produção
Acervo
Museu do Diamante
Procedência
Diamantina | Minas Gerais
Autor
Material/Técnica
douramento | entalhe | folha de ouro | madeira | pedra | policromia | recorte | tinta | vidro
Temas
Altura (cm)
85
Largura (cm)
33,3
Resumo descritivo
Oratório de pousar com grupo escultórico religioso representando a Natividade. Peça de linhas singelas, em estilo D. José I, confeccionada em madeira entalhada, policromada e dourada, de estrutura verticalizada, com a parte posterior em caixa retangular, com laterais ornadas por folhas estilizadas nos tons verde claro, verde escuro, marrom e branco. Parte frontal do oratório com cimalha ornada por motivo floral e volutas, além de palmeta na parte central superior, em tom dourado envelhecido. Peça contornada por frisos em tom bege emoldurados por volutas contrapostas em tom castanho acobreado. Oratório dividido em duas partes envidraçadas. Parte interna superior com seis imagens em talcita, dispostas da seguinte forma: (cont. em Observações). Na parte inferior, ao centro, Santana Mestra trajando túnica clara com gola em tom marrom ornada por frisos dourados, e calçada com sapatos pretos. Santana encontra-se sentada sobre cadeiral vermelho com friso dourado, tendo a cabeça levemente inclinada à direita e encimada por véu curto, sob cabelos em tom castanho escuro. Ao seu lado, a Virgem Menina, ligeiramente de perfil, de pé, trajando túnica clara na mesma padronagem da indumentária da Santana, calçada com sapatos em tom vermelho. A menina segura um livro com suas mãos apontando para determinada parte do texto. Escultura sobre pedestal escalonado com marmorizado nos tons amarelo e vermelho. À direita de Santana, escultura de São Joaquim, idoso e semi-calvo, com cabelos laterais e barba em tom amarelado, trajando túnica e mantos longos com barra dourada. Pés calçados com sapatos pretos aparentes. Escultura apoiada sobre base escalonada e marmorizada nos tons vermelho e amarelo. À esquerda de Santana, São João Batista, jovem, de pé, com olhar direcionado para cima, cabelos castanhos, com peito nu e restante do corpo coberto por tecido com barra amarela, tendo bolsa com alça dourada atravessada sobre o peito. Com seu braço esquerdo segura ovelha com o corpo pintado de amarelo. Tem seu braço direito flexionado com o dedo indicador apontando para o animal. Apresenta sua perna esquerda apoiada sobre pedra e base em rochedo estilizado no tom verde com detalhes em dourado. Na parte superior interna, ao centro, Cristo Crucificado, de corpo esguio, trajando perizônio com friso e cordão dourados, tendo braços presos à cruz verde, esta com ornatos em tom vermelho e nódulos, além da placa em talcita com a inscrição: “I.N.R.I.”. Sobre a cabeça do Cristo, resplendor dourado. Espalhados pelo corpo, escoriações nos pulsos, ombros, braços, joelhos e pés, em tinta vermelha. À direita do Cristo, São José de Botas, de pé, com cabelos castanhos escuros e cabeça encimada por resplendor dourado. Traja túnica branca e manto com barra dourada. Apresenta braços flexionados e pés calçados com botas de cano longo em tom preto. Com seu braço esquerdo carrega o Menino Jesus, que segura o globo terrestre com suas mãos. Base escalonada com marmorizado nos tons amarelo e vermelho. À esquerda do Cristo, Nossa Senhora da Conceição, jovem, de pé, em posição frontal, com olhar voltado para cima, cabelos em tom castanho escuro cobertos por véu curto. Traja túnica de mangas compridas e manto, tendo os pés calçados com sapatos pretos aparentes. Apresenta peanha composta por querubim (à esquerda), nuvem estilizada e cobra em tom verde escuro (à direita). Escultura apoiada sobre pedestal escalonado com marmorizado nos tons amarelo e vermelho. São José e Nossa Senhora encontram-se sobre pedestais do oratório, em tom vermelho, com friso dourado. Parte interna do oratório em tom azul, com representação do sol em dourado, cercado por nuvens brancas contornadas por frisos em tom vermelho claro, além de rosinhas de malabar em tom vermelho com ramagens verdes cercadas por linhas sinuosas brancas. Este mesmo motivo decorativo aparece nas laterais internas e no teto do oratório. Parte inferior do oratório com representação do nascimento de Jesus, tendo figura de recém-nascido desnudo, deitado sobre camilha vermelha e amarela, tendo a cabeça apoiada sobre almofada vermelha. Com sua mão direita segura sobre o peito o globo terrestre, em tom verde. À esquerda do Menino, os três Reis Magos ajoelhados e cabeça de burrico. À direita do Menino, Nossa Senhora com as mãos em posição de oração, São José e outro santo (não identificado), todos ajoelhados, compõem a cena, além de cabeça de bovino. Oratório apoiado sobre quatro pés, os posteriores retilíneos e os frontais em curva, estes sobre pequenos pedestais chapados e quadrangulares. Parte posterior do oratório lisa, sem pintura. Peça doada por Dr. José Rosa de Mattos. (checar documentação). Documentação encontrada no dossiê: 1) Ficha datilografada do MEC/IPHAN, referente ao inventário de 1981, sem assinatura. Ficha de Catalogação de Acervo Museológico, registrada por Tânia Bravo Leite (1989) e revisada pela museóloga do Museu da Inconfidência, Celina Santos Barboza, em 1990 (ficha datilografada). Ficha de Acervo Museológico GMCH/MG, em formato de fichário, assinada por Tânia Bravo Leite e por Celina Santos Barboza (1989/1990). Ficha amarela de fichário, com foto preto-e-branca. Ficha do IPHAN/ 13ª Coordenação Regional, assinada por Ronney Leite Brito, referente à Análise do Estado de Conservação do Acervo/ Museus Vinculados 13ª CR, datada de 17/01/1996.
Marcas/Inscrições
Na placa do Cristo Crucificado, em tinta preta: “I.N.R.I.”
Dados históricos
Sobre Lapinha: “{Diminutivo de lapa, grande pedra ou laje que serve de abrigo] Em certas regiões do Brasil, pequeno oratório singelo, nicho ou presépio feito de pedra-sabão, barro ou outro material, cujas figuras celebram a tradição do Natal e de Reis.” (1) Sobre Arte Sacra: “Era a religião o principal fator comum na sociedade colonial brasileira setecentista. A religião católica, com a variedade do seu culto, estava presente no dia-a-dia, quer nos jejuns e abstinências, quer através de ofícios divinos, confissões e comunhões, quer com procissões e festas religiosas./ A devoção religiosa no antigo Arraial do Tijuco foi descrita pelo viajante George Gardner (1942, p.384) da seguinte maneira: “A cidade conta três ou quatro belas igrejas; uma delas, chamada N.S. do Rosário, que pertence aos negros da costa da África, e tem sobre um elevado altar a imagem da Virgem preta. Como morávamos perto desta igreja, assisti muitas noites às celebrações de uma de suas festas a que se achavam presentes, além dos pretos que habitualmente freqüentavam a igreja, muitos dos mais respeitáveis representantes do sexo masculino e feminino da cidade./ Tudo se fazia com perfeita propriedade e certa noite ouvi excelente sermão pregado por um dos sacerdotes locais”./ Minas Gerais, província do ouro e do diamante, centro de riqueza do Brasil colônia por quase um século, teve condições excepcionais de possuir uma imaginária rica. Na significativa produção mineira, se destacam as pequena imagens domésticas adequadas aos oratórios, que, desde o fim do século XVIII, adornavam as casas de família. Estes oratórios, geralmente de pequeno porte, surgiram em face da fé religiosa e do aumento da população com a febre da mineração. Dentre esta produção podemos destacar os conhecidos oratórios D. João V. Com talha rococó e pintura interna, estes oratórios envidraçados são povoados com pequenas imagens de pedra, freqüentemente brancas, com pintura em algumas partes e pouca decoração em ouro, existindo em vários tipos, com tamanhos diversos ou apenas a caixa com o presépio. Foram largamente produzidos do fim do século XVIII até a primeira metade do século XIX, encontrando-se inúmeros exemplares em outros estados do país.” – Peça fotografada para o referido catáologo.” (2)
Referências bibliográficas/arquivísticas
(1) MOUTINHO, Stella Rodrigo Octavio et alli. Dicionário de Artes Decorativas e Decoração de Interiores. Ed. Nova Fronteira, 1999. Pág. 216. (2) PESTANA, Til Costa. In Catálogo do Museu do Diamante. Ed. Iphan/ Ministério da Cultura. Págs.22 e 45.





