Título
Lapinha
Número de registro
107
Denominação
Oratório de pousar com grupo escultórico religioso
Classificação
Local de produção
Data de produção
Acervo
Museu do Diamante
Procedência
Diamantina | [Minas Gerais]
Autor
Material/Técnica
douramento | entalhe | folha de ouro | madeira | pedra | policromia | recorte | tinta | vidro
Temas
brasil | minas gerais | religião | século xix
Altura (cm)
72,5
Largura (cm)
13
Comprimento (cm)
30,7
Profundidade (cm)
9
Resumo descritivo
Oratório de pousar com grupo escultórico religioso representando a Natividade. Peça de linhas singelas, em estilo D. José I, confeccionada em madeira entalhada, policromada e dourada, de estrutura verticalizada, com a parte posterior em caixa retangular pintada em tom azul na parte superior e nas laterais, ornadas por filetes em tom vermelho e branco (cruzados), tendo, ao centro, rosinhas de malabar nos mesmos tons. Parte frontal do oratório com cimalha abaulada e ornada por palmeta central ladeada por motivos fitomorfos estilizados e volutas em dourado. Objeto contornado por frisos em tom preto emoldurados internamente por volutas e flor dourada, além de friso vermelho. A peça encontra-se dividida em duas partes, sendo a superior em maiores dimensões, ambas emolduradas por vidros. Parte interna superior composta por seis esculturas em pedra branca (talcita), dispostas da seguinte forma: (cont. em observações). Ao centro, Santana Mestra trajando túnica clara com gola em tom vermelho com friso dourado e sapatos pretos, sentada sobre cadeiral vermelho e amarelo, tendo a cabeça ligeiramente inclinada à direita, com cabelos castanhos escuros cobertos por véu curto e resplendor dourado. Ao seu lado, a Virgem Menina, de pé, com cabelos castanhos parcialmente presos por coque, tendo mechas caídas sobre os ombros. Traja túnica clara com detalhe em vermelho e friso dourado, além de sapatos pretos. Com sua mão direita aponta para livro de ensinamentos aberto, com letras pretas e capa vermelha. Imagem apoiada sobre pedestal com marmorizado nos tons bege claro, vermelho e preto. À direita da Santana, figura de São Sebastião, jovem, de pé, com mãos em posição de oração, tendo duas flechas de metal inseridas logo abaixo do peito e com escoriações em tinta vermelha. Traja perizônio claro com friso dourado e tem a cabeça ligeiramente voltada à esquerda e o olhar direcionado para cima. encontra-se descalço sobre pedestal em formato de rochedo estilizado, pintado em tom marrom. À esquerda de Santana, figura feminina representando Santa Rita, de pé, com manto claro, véu curto, manto de mangas amplas com friso dourado e sapatos pretos. Tem os braços flexionados e com sua mão esquerda segura palma do martírio, em tom marrom. Imagem apoiada sobre pedestal em marmorizado nos tons amarelo, preto e vermelho. No segundo pavimento da parte interna do oratório, ao centro, Cristo Crucificado, trajando perizônio com friso dourado, tendo os braços presos à cruz verde através de cravos em metal, contendo a placa com a inscrição “I.N.R.I.”, em tinta preta. Apresenta cabeça encimada por resplendor dourado, além de escoriações espalhadas pelo corpo, dispostas nas mãos, braços, pescoço, peito, quadril, joelhos e pés, estes últimos sobrepostos e fixados à cruz por cravo em metal. À direita do Cristo, São José de Botas, de pé, trajando túnica clara sob manto com friso dourado, calçando botas de cano longo em tom preto com detalhes em vermelho e dourado. Com seu braço esquerdo, segura o Menino Jesus. À esquerda de Cristo, Nossa Senhora do Rosário, de pé, com braços flexionados, cabeça ligeiramente inclinada à direita e encimada por resplendor dourado. Carrega Menino Jesus trajando túnica clara com friso dourado. Nossa Senhora pisa com sapatos pretos sobre nuvem estilizada nos tons amarelo e vermelho, tendo querubim na parte central. Imagem sobre pedestal em marmorizado preto, vermelho e bege claro. Fundo da parte interna do oratório pintado em tom azul, com representação do sol na parte central, cercado por círculo de nuvens brancas contornadas por frisos em tom vermelho e amarelo. Fundo decorado com rosinhas de malabar, nos tons vermelho e com ramagens verdes, cada qual cercada por emolduramento em linhas sinuosas brancas. As imagens que ladeiam o Cristo encontram-se apoiadas sobre peanhas cônicas pintadas em tom vermelho. Parte inferior interna do oratório, representação do nascimento do Menino Jesus, com figura de criança nua, deitada sobre camilha em tom vermelho e dourada, com a cabeça apoiada sobre almofada vermelha. Apresenta cabelos dourados e com as mãos juntas sobre o peito segura o globo terrestre, este em tom marrom. Em segundo plano, à esquerda, os três Reis Magos, trajando túnicas em tom marrom e amarelo, com mantos em tom vermelho e ornamentação dourada. Ao centro, figura de São João Batista (?), trajando túnica com quatro botões dourados aparentes, segura uma ovelha com seu braço esquerdo. Ao seu lado, Nossa Senhora da Conceição, com as mãos em posição de oração, além de São José com a cabeça encimada por resplendor dourado. Cena cercada por animais, folhas e flores secas, além de fundo pintado de azul claro. Oratório apoiado sobre quatro pés, sendo os posteriores retilíneos e os frontais arrematados por volutas sobre sapata, esta em tom marrom. Tábua posterior do objeto lisa (sem pintura). Apresenta, em tinta preta, a data: “1848”. Documentação encontrada no dossiê: 1) Ficha datilografada do MEC/IPHAN, referente ao inventário de 1981, sem assinatura, com foto preto-e-branca. Ficha de Catalogação de Acervo Museológico, registrada por Tânia Bravo Leite (1989) e revisada pela museóloga do Museu da Inconfidência, Celina Santos Barboza, em 1990 (ficha datilografada). Ficha de Acervo Museológico GMCH/MG, em formato de fichário, assinada por Tânia Bravo Leite e por Celina Santos Barboza (1989/1990), com 2 fotos (p&b). 01 foto colorida. Ficha do IPHAN/ 13ª Coordenação Regional, assinada por Ronney Leite Brito, referente à Análise do Estado de Conservação do Acervo/ Museus Vinculados 13ª CR, datada de 19/12/1995.
Marcas/Inscrições
Na placa do Cristo Crucificado, em tinta preta: “I.N.R.I.”. Tábua posterior do objeto, em tinta preta, a data: “1848”.
Dados históricos
Sobre Arte Sacra: “Era a religião o principal fator comum na sociedade colonial brasileira setecentista. A religião católica, com a variedade do seu culto, estava presente no dia-a-dia, quer nos jejuns e abstinências, quer através de ofícios divinos, confissões e comunhões, quer com procissões e festas religiosas./ A devoção religiosa no antigo Arraial do Tijuco foi descrita pelo viajante George Gardner (1942, p.384) da seguinte maneira: “A cidade conta três ou quatro belas igrejas; uma delas, chamada N.S. do Rosário, que pertence aos negros da costa da África, e tem sobre um elevado altar a imagem da Virgem preta. Como morávamos perto desta igreja, assisti muitas noites às celebrações de uma de suas festas a que se achavam presentes, além dos pretos que habitualmente freqüentavam a igreja, muitos dos mais respeitáveis representantes do sexo masculino e feminino da cidade./ Tudo se fazia com perfeita propriedade e certa noite ouvi excelente sermão pregado por um dos sacerdotes locais”./ Minas Gerais, província do ouro e do diamante, centro de riqueza do Brasil colônia por quase um século, teve condições excepcionais de possuir uma imaginária rica. Na significativa produção mineira, se destacam as pequena imagens domésticas adequadas aos oratórios, que, desde o fim do século XVIII, adornavam as casas de família. Estes oratórios, geralmente de pequeno porte, surgiram em face da fé religiosa e do aumento da população com a febre da mineração. Dentre esta produção podemos destacar os conhecidos oratórios D. João V. Com talha rococó e pintura interna, estes oratórios envidraçados são povoados com pequenas imagens de pedra, freqüentemente brancas, com pintura em algumas partes e pouca decoração em ouro, existindo em vários tipos, com tamanhos diversos ou apenas a caixa com o presépio. Foram largamente produzidos do fim do século XVIII até a primeira metade do século XIX, encontrando-se inúmeros exemplares em outros estados do país.” (1) Sobre Oratório Lapinha: “[Diminutivo de lapa, grande pedra ou laje que serve de abrigo] s.f. Em certas regiões do Brasil, pequeno oratório singelo, nicho ou presépio feito de pedra-sabão, barro ou outro material, cujas figuras celebram a tradição do Natal e de Reis.” (2)
Referências bibliográficas/arquivísticas
(1) PESTANA, Til Costa. In Catálogo do Museu do Diamante. Ed. Iphan/ Ministério da Cultura. Págs. 22 e 45. (2) MOUTINHO, Stella Rodrigo Octavio et alli. Dicionário de Artes Decorativas e Decoração de Interiores. Ed. Nova Fronteira, 1999. Pág. 216.





