Dados históricos
Sobre Ex-voto: “Testemunho por meio do qual um devoto manifesta gratidão à divindade, ou a um santo, por uma graça especial, mística ou mágica do autor do milagre. Esse testemunho apresenta-se: a) como representação iconográfica (geralmente pintura) da graça obtida e envolve a natureza do milagre (iminência de morte ou destruição, enfermidade ou perigo), o agraciado e o santo; (...) A tradição cultural portuguesa transplantou-se para o Brasil e com ela as práticas do catolicismo ortodoxo ou popular, ergueram-se ermidas, capelas, igrejas, santuários, e as “salas dos milagres” se povoaram de peças esculpidas e de “quadros”. No séc. XVIII, estes eram executados à maneira portuguesa, sobretudo no litoral e em Minas Gerais; eram pinturas em geral primitivas que, embora reproduzissem o ambiente colonial, refletiam a tradição lusa. Mas a grande maioria dos ex-votos se concentra no séc. XIX e tem características bem brasileiras: os temas rurais ou urbanos são documentos ricos em informações; abrangem todas as classes – da aristocracia aos escravos – as práticas da medicina e os enfermos, a arquitetura, a indumentária, a flora e a fauna; representam cenas de agressões de animais, naufrágios, acidentes com carros ou queda de cavalo, incêndios, ataques de inimigos. Nos ex-votos de influência portuguesa o quadro se apresenta em dois planos: o do milagre propriamente dito com a legenda (comum ou em cartela); e do agente sobrenatural envolto num círculo de nuvens, ou entrando por portas e janelas ou, ainda, sob a forma da imagem tal como figura no altar de devoção (nas cenas de doenças o crucifixo ou a imagem do santo aparece na parede sobre a cama do doente).” (1)