Documento
Anexos
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242-2
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242-3
Metadados
Número de registro
242
Denominação
Quartelão [fragmento] (entablamento)
Classificação
Local de produção
Data de produção
Acervo
Museu do Diamante
Procedência
Igreja Matriz de Santo Antônio | Antiga Sé de Diamantina | Minas Gerais
Autor
Material/Técnica
douramento | entalhe | folha de ouro | madeira | policromia | tinta
Temas
arquitetura religiosa | barroco | minas gerais | século xviii
Altura (cm)
113,5
Largura (cm)
58,3
Profundidade (cm)
22
Resumo descritivo
Entablamento de quartelão (ou pilastra misulada), em estilo D. João V, correspondente à 2ª fase do Barroco em Minas, confeccionado em madeira (jacarandá mineiro) entalhada, policromada e dourada. Na parte superior, apresenta estrutura retangular para encaixe no retábulo. Parte referente ao fuste em formato quadrangular com emolduramento escalonado, composto por três faixas, tendo pintura em marmorizado nos tons marrom, amarelo e branco nas laterais. Abaixo da moldura, talha dourada em curvas com duas faixas verticalizadas ornadas por folhas de acanto arrematadas nas partes inferior e superior por volutas, estas pintadas em tom prateado nas laterais. Ao centro da parte superior, querubim ladeado por flores, com cabeça voltada à direita, tendo rosto redondo, cabelos cacheados, olhos amendoados, nariz arrebitado (quebrado na ponta), bochechas proeminentes, boca pequena fechada com lábios carnudos e queixo duplo, além de pequenas asas laterais. Ao seu redor, talha em formato de volutas, onde se destacam, sobre sua cabeça, volutas contrapostas. Parte inferior do objeto em moldura retilínea escalonada (com pregos). Parte posterior lisa.
Dados históricos
Sobre Arte Sacra: “Era a religião o principal fator comum na sociedade colonial brasileira setecentista. A religião católica, com a variedade do seu culto, estava presente no dia-a-dia, quer nos jejuns e abstinências, quer através de ofícios divinos, confissões e comunhões, quer com procissões e festas religiosas./ A devoção religiosa no antigo Arraial do Tijuco foi descrita pelo viajante George Gardner (1942, p.384) da seguinte maneira: “A cidade conta três ou quatro belas igrejas; uma delas, chamada N.S. do Rosário, que pertence aos negros da costa da África, e tem sobre um elevado altar a imagem da Virgem preta. Como morávamos perto desta igreja, assisti muitas noites às celebrações de uma de suas festas a que se achavam presentes, além dos pretos que habitualmente freqüentavam a igreja, muitos dos mais respeitáveis representantes do sexo masculino e feminino da cidade./ Tudo se fazia com perfeita propriedade e certa noite ouvi excelente sermão pregado por um dos sacerdotes locais”./ Minas Gerais, província do ouro e do diamante, centro de riqueza do Brasil colônia por quase um século, teve condições excepcionais de possuir uma imaginária rica. Na significativa produção mineira, se destacam as pequena imagens domésticas adequadas aos oratórios, que, desde o fim do século XVIII, adornavam as casas de família. Estes oratórios, geralmente de pequeno porte, surgiram em face da fé religiosa e do aumento da população com a febre da mineração. Dentre esta produção podemos destacar os conhecidos oratórios D. João V. Com talha rococó e pintura interna, estes oratórios envidraçados são povoados com pequenas imagens de pedra, freqüentemente brancas, com pintura em algumas partes e pouca decoração em ouro, existindo em vários tipos, com tamanhos diversos ou apenas a caixa com o presépio. Foram largamente produzidos do fim do século XVIII até a primeira metade do século XIX, encontrando-se inúmeros exemplares em outros estados do país.” (1) Sobre a Catedral de Santo Antônio: “Catedral de Santo Antônio/ Reza a lenda que já os primeiros bandeirantes que se fixaram no Tijuco ergueram uma tosca e pobre capela em honra de Santo Antônio, o querido santo dos portugueses. Posteriormente, em sua honra foi construída, em parte mais alta do Arraial, uma verdadeira igreja, bem maior e de muita solidez. Essa igreja, com a elevação de Diamantina a diocese, é que foi promovida à dignidade de Catedral ou Igreja da Sé, como era conhecida por todos./ Nos dias de D. Joaquim Silvério de Souza, foi forçoso destruí-la e o sucessor dele, D. Serafim Gomes Jardim, enfrentando não pequenas dificuldades, construiu, na década de 40, a atual Catedral, “igreja na qual se encontra a Cátedra oficial de onde o Pastor fala a todo o povo da sua Diocese./ D. Joaquim não pôde ou não quis construí-la em local diverso do antigo. Assim a Sé teve de ser limitada no espaço, mas conserva o local de coração da cidade e do povo.” (2) Sobre Estilo Dom João V: “O retábulo de ESTILO DOM JOÃO V corresponde à 2ª fase do barroco de Minas, onde é introduzido por volta de 1720/1730, prevalecendo até cerca de 1760. (...) As características principais do retábulo da 2ª fase do barroco em Minas são as seguintes: a) COROAMENTO ou REMATE em DOSSEL / b) COLUNA de terço inferior geralmente em ESTRIAS diagonais e FUSTE ou parte superior TORSA; c) uso de PILASTRAS com QUARTELÕES de grande ressalto;/ d) POLICROMIA predominantemente em dourado e branco;/ e) menor ocorrência de ornatos fitomorfos ou zoomorfos;/ f) presença de ANJOS, especialmente na pilastra e no coroamento ou remate, junto ao dossel;/ g) maior tendência, em geral, para o caráter escultórico da ornamentação.” (3)
Referências bibliográficas/arquivísticas
(1) PESTANA, Til Costa. In Catálogo do Museu do Diamante. Ed. Iphan/ Ministério da Cultura. Pág. 22 e 45. (2) CARVALHO, Celso de. Igrejas e Capelas de Diamantina. In Caderno de Turismo do Estado de Minas, de 04/03/1999. Págs. 4 e 5. (3) ÁVILA, Afonso. Pg. 172. (completar bibliografia)