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Cristo de roca [fragmento] (cabeça)
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Documento
Anexos
Metadados
Miniatura
Título
Nosso Senhor dos Passos
Número de registro
433
Denominação
Cristo de roca [fragmento] (cabeça)
Classificação
Local de produção
Data de produção
Acervo
Museu do Diamante
Procedência
Igreja de N. Sª da Luz | Diamantina | Minas Gerais
Autor
Material/Técnica
entalhe | madeira | policromia | tinta
Temas
Altura (cm)
25,1
Largura (cm)
29
Profundidade (cm)
25
Resumo descritivo
Cabeça de Cristo de roca, correspondente possivelmente a Nosso Senhor dos Passos, de manufatura rústica e dimensões médias, confeccionada em madeira (jacarandá mineiro) entalhada e policromada. Objeto em posição frontal, com carnação em tom castanho, tendo o topo do crânio cortado (com interior oco) e orifício para encaixe da parte superior da cabeça (esta inexistente). Figura masculina, de meia-idade, com rosto magro e longilíneo, com parte do couro cabeludo pintado em tom preto e vestígios de representação de sangue em tinta vermelha escorrendo pela testa curta. Apresenta orelhas aparentes e parcialmente quebradas, sobrancelhas e olhos pequenos e rasgados, pintados em tom preto, nariz comprido e fino, tendo vestígios de tinta vermelha sobressaindo do olho direito. Barba longa e bigode entalhados e pintados em tom preto. Boca entreaberta, pintada em tom vermelho escuro, com um dente da arcada superior aparente. Pescoço delgado e longilíneo com quatro orifícios menores e outro central para encaixe na estrutura do corpo.
Dados históricos
Sobre Imagens de Roca: “As imagens de Roca ou de vestir, também conhecidas como “Bastidores”, são aquelas que têm parte do corpo esculpidas e outras em leve armação de madeira, tendo algumas todo o corpo esculpido mais com fino tratamento somente nas extremidades, como cabeça, mãos e pés. Podemos chamá-las, também, de imagens de procissão pois eram muito usadas para essas solenidades religiosas por serem mais leves e fáceis de serem adaptadas nos andores./ Como são vestidas, abriram vasto campo à imaginação e ao gosto da época. As Irmandades, devotos, doadores se esmeravam em cobrí-las com os mais finos e ricos tecidos e jóias./ Segundo o Prof. Valentin Calderon de la Vara, sua origem está ligada à Península Ibérica, onde desde a primeira metade do século XVI tornou-se popular o uso de colocar ricos mantos nas imagens de Nossa Senhora. De acordo com o gosto barroco na tentativa de aumentar o realismo e a dramaticidade, começaram a usar elementos postiços que davam aparência mais natural./ No Brasil, as imagens de roca se desenvolveram graças, especialmente, às Ordens Terceiras, se propagando motivadas, também, pela devoção e gosto popular. Vamos encontrar vários tipos como: (...) III – as que têm as partes do corpo sob as vestes em armação ou bastidores feitos de fina tábua, às vezes recobertas de pano engomado, quando em imagens femininas, para facilitar a composição das vestes. Neste caso, encontram-se a maioria dos exemplos: os que têm somente as pernas em armação; os que têm as partes nobres em papel maché, como algumas peças da coleção de Abelardo Rodrigues, segundo informações do Prof. Valentin Calderon de la Vara./ Na maioria dos casos, os braços são esculpidos com dupla articulação (ombro e cotovelo) e raramente tripla articulação incluindo o pulso. (...) Dentre as imagens mais conhecidas em roca, temos os Cristos representando os passos da Paixão, as Nossas Senhoras, especialmente Nossa Senhora das Dores, Santos Mártires e os Santos das Ordens Terceiras Dominicanas, Franciscanas e Carmelitas.” (1). Sobre Jesus Crucificado: “Representações da cena do Calvário nas quais é comum serem as imagens em tamanho natural, articuladas nos membros superiores a fim de servirem nas encenações do descendimento da cruz, na Sexta-Feira Santa./ Cristo aparece envolvido na cintura por uma faixa branca, denominada perizônio, amarrada por cordas ou nó do próprio tecido. Os braços estão suspensos e presos à cruz por meio de cravos. Os pés, às vezes, estão separados ou unidos um sobre o outro por cravos, apoiados ou não em supedâneo./ Às vezes tem a cabeça caída sobre o ombro e os olhos fechados, sendo chamado de Senhor do Bonfim./ Noutras representações, no conjunto do Calvário, aparecem a Virgem das Dores, São João Evangelista e Maria Madalena, no topo da colina onde está a cruz./ Cristo pode ainda ser representado junto aos outros crucificados, o Bom e o Mau Ladrão, à direita e à esquerda da cruz, respectivamente./ Sobre a cruz, aparece uma placa com as iniciais INRI ou Jesus Nazareno, Rei dos Judeus.” (2) Sobre a Igreja de N.Sª da Luz, em Diamatina (MG): “Igreja de Nossa Senhora da Luz/ No dia da Apresentação do Menino Jesus no templo de Jerusalém (mistério que se celebra na liturgia católica no dia 2 de fevereiro), o profeta Simeão deu ao Salvador, entre outros, o título de “Luz para a Redenção dos Povos”. A liturgia desta festa desenvolveu o tema da luz sob a forma das candeias ou velas. E como a Virgem Santíssima é também homenageada naquela celebração, atribuiu-se-lhe a invocação de Nossa Senhora da Candelária./ A Capela da Luz em Diamantina foi construída por iniciativa de D. Tereza de Jesus Perpétuo Corte Real, esposa de um sargento português enviado ao Tijuco. Quando ainda em Portugal, por ocasião do terremoto de Lisboa (1755), ela fizera votos de construir uma igreja em honra de Nossa Senhora da Luz. Cumpriu esse voto, quando residindo no Tijuco./ A primeira Igreja primitiva datada das duas primeiras décadas do século XIX, foi grandemente ampliada na segunda metade daquele século.” (3)
Referências bibliográficas/arquivísticas
Inventário dos Bens Móveis (datilografado) a cargo do artífice referência 20, Assis Alves Horta, no período de 1º de janeiro a 31 de dezembro de 1952, cita nº de registro, quantidade, espécie, grupamento, procedência, data de entrada e valor: “117/ 35 Peças/ Cabeças, pés e mãos de santos, de roca/ Idem/ 1.951". No item Idem, leia-se Igreja da Luz. (1) MARQUES, Lucia. Metodologia para o Cadastramento de Escultura Sacra-Imaginária. Ed. Contemp. Minas Gerais. Pág. 23-24. (2) CUNHA, Maria José Assunção da. Iconografia Cristã. Ed. UFOP/ IPAC, Ouro Preto, 1993. Pág. 36. (3) CARVALHO, Celso de. Igrejas e Capelas de Diamantina. In Caderno de Turismo do Estado de Minas, de 04/03/1999. Págs. 4 e 5.