Número de registro
6
Denominação
Calceta
Classificação
Local de produção
Data de produção
Acervo
Museu do Diamante
Procedência
Diamantina | Minas Gerais
Autor
Temas
brasil | instrumento de castigo | minas gerais | século xviii/xix
Largura (cm)
43
Comprimento (cm)
32
Diâmetro (cm)
13,5
Peso (kg)
12 kg
Resumo descritivo
Calceta confeccionada em metal (ferro), composta, na parte inferior, por estrutura irregular (correspondente a um peso de doze quilos) vazada ao centro e atravessada por pino horizontal cilíndrico no mesmo metal. Pino com extremidades arrematadas por dois aros dispostos um de cada lado. Parte superior do objeto formada por duas correntes fixadas por parafusos longos a aros ovalados que se prendem a uma argola espessa e circular, de grandes dimensões.
Data da fotografia
janeiro/2005
Dados históricos
Sobre Instrumento de Castigo: “Colar de ferro, vira-mundo, calceta, libambo e chicote torturavam os escravos violentamente em todo o Brasil colonial. No antigo Arraial do Tijuco, trabalhando principalmente na extração de diamantes, os escravos sofriam os mais rigorosos castigos. Esta situação foi relatada pelos viajantes Spix e Martius (1938, p.114-15) da seguinte maneira:/ “Os feitores vigiam sem cessar, os movimentos dos escravos, enquanto lavam, para que eles não possam empregar ardis. Se culpado o extravio primeiro por meio de chicotadas e prisão com o colar de ferro ao pescoço; reincidindo na culpa, ele não é mais empregado no serviço”./ Os instrumentos de castigo, de ferro, eram forjados pelos próprios escravos, que não raro os usavam: o colar de ferro tem braço em forma de gancho, no intuito de ser agarrado mais facilmente; o vira-mundo era utilizado para prender os punhos e os tornozelos; a calceta, uma bola de ferro, era presa no tornozelo; o libambo era formado por uma grande corrente com gargalheiras, colocadas nos pescoços, para caminharem em grupo ou serem conduzidos de um local a outro. Também era usual, caso o escravo fosse acusado de ter furtado um diamante, prendê-lo e fazer com que engolisse pedras comuns, para só libertá-lo depois de evacuadas as pedras e sem que nenhum diamante fosse encontrado./ Os escravos ao longo dos anos foram sendo cada vez mais vigiados, controlados e castigados. As condenações estabelecidas variavam de três a dez anos de galés, conforme delito. Eram condenados aqueles que não possuíssem licença ou matrícula para ficarem nas terras diamantinas, que fossem pegos extraindo ou carregando diamantes ou , até mesmo, com instrumentos de mineração./ Todos os escravos que trabalhavam na extração de diamantes pertenciam a particulares que os alugavam à administração. Em alguns momentos o número chegou a três mil. A condição de trabalho era extremamente árdua. Realizavam todos os serviços e etapas da mineração: faziam a imensa obra de barragem dos rios; colocavam em funcionamento a roda d´água, secando a parte mais profunda do rio; realizavam o carregamento do cascalho do rio em gamelas sobre a cabeça para a lavagem, formando diversos montes de aproximadamente quinze toneladas cada um; e lavavam o cascalho para descobrir os diamantes./ A longa jornada de trabalho, desde o amanhecer até o anoitecer, era interrompida pela manhã, ao meio-dia, e à tarde para as refeições, que consistiam basicamente de angu, feijão e sal. Durante todo o dia paravam apenas duas horas à tarde e quatro ou cinco vezes para fumarem. Esta condição de trabalho provocava os mais diferentes tipos de doenças. Usando apenas calções e, no tempo mais frio, coletes, os escravos passavam longo período com o corpo curvado e com água pelos joelhos, ficando os mais jovens aleijados.” (1)
Referências bibliográficas/arquivísticas
Inventário dos Bens Móveis (datilografado) a cargo do artífice referência 20, Assis Alves Horta, no período de 1º de janeiro a 31 de dezembro de 1952, cita nº de registro, quantidade, espécie, grupamento, procedência, data de entrada e valor. (1) PESTANA, Til Costa. In: Catálogo do Museu do Diamante. Ed. Iphan/ Ministério da Cultura. Págs. 50-53.





