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346-2
Título
São Miguel Arcanjo
Número de registro
346
Denominação
Anjo
Classificação
Local de produção
Data de produção
Acervo
Museu do Diamante
Procedência
Diamantina | [Minas Gerais]
Autor
Temas
Altura (cm)
63,3
Largura (cm)
25
Profundidade (cm)
24
Resumo descritivo
Escultura religiosa, de médio porte, confeccionada em madeira (jacarandá mineiro) entalhada sem policromia, representando São Miguel Arcanjo matando o demônio. Figura masculina, jovem, de pé, em posição frontal, com o rosto levemente voltado para baixo, rosto redondo, testa curta, cabelos curtos, cacheados e com mechas em “C”, orelhas aparentes, olhos amendoados, nariz aquilino, boca pequena e cerrada, e queixo proeminente. Apresenta-se em trajes de guerreiro romano, com capacete e indumentária composta, na parte superior, por camisa com gola em “V” cercada de babados entalhados e com abertura frontal em três botões, e, na parte inferior, por saiote na altura dos joelhos, de caimento duplo, sendo a camada superior entalhada em gomos. Panejamento rígido. Nas costas, destacam-se duas estruturas em madeira com orifícios para encaixe das asas (inexistentes). Pés calçados com botas de cano longo, com dobras em sentido vertical. São Miguel está apoiado sobre demônio, representado através de animal grotesco, deitado de bruços, com rosto agonizante, de boca aberta com a língua para fora. Animal de cabelos estriados, com rosto redondo, orelhas aparentes, patas dianteiras sob os pés do santo, com duas asas e sua perna direita flexionada e em posição mais elevada. Entre as pernas, destaca-se parte do rabo. Imagem apoiada sobre base irregular. Peça com vestígios de bolo armênio.
Dados históricos
Sobre São Miguel Arcanjo: “Príncipe celeste e defensor do bem, no Apocalipse (12,7), Miguel e seus anjos lutam e vencem o dragão. Em Daniel (10-13,21). Miguel é o anjo justiceiro que é também citado por Judas (1,9)./ Sua festa é celebrada a 29 de setembro./ É representado como jovem alado, geralmente sobre nuvens, vestindo armadura romana, capacete com plumagem e manto vermelho, que o caracterizam como guerreiro. Seus atributos são uma lança, uma espada, o estandarte com a inscrição latina Qui ut Deo ou aquele como Deus. O demônio a seus pés e uma balança, simbolizando a justiça divina.” (1) Sobre Anjo: “Designa uma classe de seres puramente espirituais que, na BÌBLIA, aparecem como servos de Deus e, especialmente, como seus mensageiros – vínculos de comunicação entre Deus e os homens. Segundo uma classificação que remonta aos primeiros séculos da Era Cristã, dividem-se os ANJOS em três hierarquias, distribuídas cada uma em três coros: 1 – Serafins, Querubins e Tronos;/ 2 – Domínios, Virtudes e Poderes;/ 3 – Principados, Arcanjos e Anjos”. (2) Sobre Arte Sacra: “Era a religião o principal fator comum na sociedade colonial brasileira setecentista. A religião católica, com a variedade do seu culto, estava presente no dia-a-dia, quer nos jejuns e abstinências, quer através de ofícios divinos, confissões e comunhões, quer com procissões e festas religiosas./ A devoção religiosa no antigo Arraial do Tijuco foi descrita pelo viajante George Gardner (1942, p.384) da seguinte maneira: “A cidade conta três ou quatro belas igrejas; uma delas, chamada N.S. do Rosário, que pertence aos negros da costa da África, e tem sobre um elevado altar a imagem da Virgem preta. Como morávamos perto desta igreja, assisti muitas noites às celebrações de uma de suas festas a que se achavam presentes, além dos pretos que habitualmente freqüentavam a igreja, muitos dos mais respeitáveis representantes do sexo masculino e feminino da cidade./ Tudo se fazia com perfeita propriedade e certa noite ouvi excelente sermão pregado por um dos sacerdotes locais”./ Minas Gerais, província do ouro e do diamante, centro de riqueza do Brasil colônia por quase um século, teve condições excepcionais de possuir uma imaginária rica. Na significativa produção mineira, se destacam as pequena imagens domésticas adequadas aos oratórios, que, desde o fim do século XVIII, adornavam as casas de família. Estes oratórios, geralmente de pequeno porte, surgiram em face da fé religiosa e do aumento da população com a febre da mineração. Dentre esta produção podemos destacar os conhecidos oratórios D. João V. Com talha rococó e pintura interna, estes oratórios envidraçados são povoados com pequenas imagens de pedra, freqüentemente brancas, com pintura em algumas partes e pouca decoração em ouro, existindo em vários tipos, com tamanhos diversos ou apenas a caixa com o presépio. Foram largamente produzidos do fim do século XVIII até a primeira metade do século XIX, encontrando-se inúmeros exemplares em outros estados do país.” (3)
Referências bibliográficas/arquivísticas
(1) CUNHA, Maria José Assunção da. Iconografia Cristã. Ed. UFOP/ IPAC, Ouro Preto, 1993. Pág. 19. (2) DAMASCENO, Sueli (org.). Glossário de Bens Móveis (Igrejas Mineiras). Ed. Instituto de Artes e Cultura/ UFOP, 1987. Pág. 4. (3) PESTANA, Til Costa. In Catálogo do Museu do Diamante. Ed. Iphan/ Ministério da Cultura. Pág. 22.





