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Santo de roca
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Documento
Anexos
Metadados
Miniatura
Título
São José
Número de registro
810
Denominação
Santo de roca
Classificação
Local de produção
Data de produção
Acervo
Museu do Diamante
Procedência
[Igreja de N. Sª do Amparo ou da Luz] | Diamantina | Minas Gerais
Autor
Material/Técnica
douramento | entalhe | folha de ouro | madeira | policromia | tinta
Temas
Altura (cm)
90
Largura (cm)
36
Profundidade (cm)
11,5
Resumo descritivo
Santo de roca, de médio porte, confeccionado em madeira entalhada, policromada e dourada, representando São José. Figura masculina, de meia-idade, de pé, com o rosto voltado à esquerda, cabelos curtos estriados e cacheados nas pontas, em tom castanho escuro, com mechas em “S”, tez com carnação rosada, testa curta, sobrancelhas bem delineadas, olhos em tom castanho escuro, pequenos e semi-cerrados, com o olhar direcionado para baixo, nariz arrebitado, ossos laterais do rosto salientes com bochechas em tom vermelho claro, barba e bigode em tom castanho escuro com mechas em “S” e com duas terminações em caracóis, além de boca entreaberta, em tom vermelho, com dentes aparentes, e pescoço largo. Tronco do corpo em tábua de madeira, com a parte interna oca, de onde sobressai eixo cilíndrico de sustentação e cinco ripas curtas de madeira dispostas verticalmente (até o quadril) fixadas por pregos a uma pequena tábua correspondente à “bacia” da anatomia do representado. Braços com dupla articulação (ombros e cotovelos), tendo antebraços e mãos entalhados e com carnação em tom bege. (Cont. em OBSERVAÇÕES).Apresenta sua mão esquerda espalmada com dois dedos levemente flexionados e sua mão direita com os dedos indicador e polegar unidos e os demais dedos flexionados. Pernas musculosas esculpidas e policromadas, com carnação em tom esbranquiçado e joelhos em tom rosado. Tem sua perna direita ligeiramente flexionada com representação de tecido em tom vermelho enrolado, com panejamento movimentado. Na sua perna esquerda, representação de panejamento nos tons preto e vermelho. Calça sapatos pretos, de ponta arredondada, tiras pintadas em tom marrom, estando duas delas cruzadas em “X” na parte frontal e sola dourada. Imagem apoiada sobre base abaulada na parte frontal, pintada em tom azul ornada por motivos fitomorfos dourados em relevo. Parte posterior da base reta. Segundo relato do Sr. José Aguilar de Paula – cidadão antigo de Diamantina – essas imagens provavelmente pertenciam à Igreja de N. Sª da Luz (fundada em 1780), que tinha como tradição a procissão de Quarta-Feira de Cinzas, com essas imagens de roca (11 peças). Documentação encontrada no dossiê: Ficha de Acervo Museológico GMCH/MG, em formato de fichário, assinada por Tânia Bravo Leite e por Celina Santos Barboza (1989/1991). Ficha amarela, de fichário, com uma foto preto-e-branca, que cita outra procedência: “Imagem de S. José (roca) recolhida da Igreja de N.S. do Amparo”. 3) Ficha do IPHAN/ 13ª Coordenação Regional, assinada por Ronney Leite Brito, referente à Análise do Estado de Conservação do Acervo/ useus Vinculados 13ª CR, datada de 24/04/1996.
Dados históricos
Sobre São José: “...É muito antiga a devoção a São José, entretanto o culto litúrgico data de início do século XV. Em 1870, foi declarado Patrono da Igreja Universal e, em 1955, patrono dos operários e dos casamentos/ Sua festa é celebrada a 19 de março./ É representado como homem semicalvo, barbado e de meia-idade, que leva nos braços, ou numa das mãos, o Menino Jesus. Na outra mão, traz um cajado florido – que simboliza a sua escolha, entre outros, para esposo da Virgem Maria, como seu casamento virginal. Pode ainda ser representado com instrumentos de carpinteiro. No conjunto da Sagrada Família, figura ao lado de Maria e do Menino Jesus. Está presente, em atitude de adoração, em cenas de presépio. Pode ser ainda representado levando aos braços o Menino Jesus e acompanhado da Virgem Maria, nas representações de fuga para o Egito.” (1) Sobre Arte Sacra: Era a religião o principal fator comum na sociedade colonial brasileira setecentista. A religião católica, com a variedade do seu culto, estava presente no dia-a-dia, quer nos jejuns e abstinências, quer através de ofícios divinos, confissões e comunhões, quer com procissões e festas religiosas./ A devoção religiosa no antigo Arraial do Tijuco foi descrita pelo viajante George Gardner (1942, p.384) da seguinte maneira: “A cidade conta três ou quatro belas igrejas; uma delas, chamada N.S. do Rosário, que pertence aos negros da costa da África, e tem sobre um elevado altar a imagem da Virgem preta. Como morávamos perto desta igreja, assisti muitas noites às celebrações de uma de suas festas a que se achavam presentes, além dos pretos que habitualmente freqüentavam a igreja, muitos dos mais respeitáveis representantes do sexo masculino e feminino da cidade./ Tudo se fazia com perfeita propriedade e certa noite ouvi excelente sermão pregado por um dos sacerdotes locais”./ Minas Gerais, província do ouro e do diamante, centro de riqueza do Brasil colônia por quase um século, teve condições excepcionais de possuir uma imaginária rica. Na significativa produção mineira, se destacam as pequena imagens domésticas adequadas aos oratórios, que, desde o fim do século XVIII, adornavam as casas de família. Estes oratórios, geralmente de pequeno porte, surgiram em face da fé religiosa e do aumento da população com a febre da mineração. Dentre esta produção podemos destacar os conhecidos oratórios D. João V. Com talha rococó e pintura interna, estes oratórios envidraçados são povoados com pequenas imagens de pedra, freqüentemente brancas, com pintura em algumas partes e pouca decoração em ouro, existindo em vários tipos, com tamanhos diversos ou apenas a caixa com o presépio. Foram largamente produzidos do fim do século XVIII até a primeira metade do século XIX, encontrando-se inúmeros exemplares em outros estados do país.” (2) Sobre Imagens de Roca: “As imagens de Roca ou de vestir, também conhecidas como “Bastidores”, são aquelas que têm parte do corpo esculpidas e outras em leve armação de madeira, tendo algumas todo o corpo esculpido mais com fino tratamento somente nas extremidades, como cabeça, mãos e pés. Podemos chamá-las, também, de imagens de procissão pois eram muito usadas para essas solenidades religiosas por serem mais leves e fáceis de serem adaptadas nos andores./ Como são vestidas, abriram vasto campo à imaginação e ao gosto da época. As Irmandades, devotos, doadores se esmeravam em cobrí-las com os mais finos e ricos tecidos e jóias./ Segundo o Prof. Valentin Calderon de la Vara, sua origem está ligada à Península Ibérica, onde desde a primeira metade do século XVI tornou-se popular o uso de colocar ricos mantos nas imagens de Nossa Senhora. De acordo com o gosto barroco na tentativa de aumentar o realismo e a dramaticidade, começaram a usar elementos postiços que davam aparência mais natural./ No Brasil, as imagens de roca se desenvolveram graças, especialmente, às Ordens Terceiras, se propagando motivadas, também, pela devoção e gosto popular. Vamos encontrar vários tipos como: (...) III – as que têm as partes do corpo sob as vestes em armação ou bastidores feitos de fina tábua, às vezes recobertas de pano engomado, quando em imagens femininas, para facilitar a composição das vestes. Neste caso, encontram-se a maioria dos exemplos: os que têm somente as pernas em armação; os que têm as partes nobres em papel maché, como algumas peças da coleção de Abelardo Rodrigues, segundo informações do Prof. Valentin Calderon de la Vara./ Na maioria dos casos, os braços são esculpidos com dupla articulação (ombro e cotovelo) e raramente tripla articulação incluindo o pulso. (...) Dentre as imagens mais conhecidas em roca, temos os Cristos representando os passos da Paixão, as Nossas Senhoras, especialmente Nossa Senhora das Dores, Santos Mártires e os Santos das Ordens Terceiras Dominicanas, Franciscanas e Carmelitas.” (3)
Referências bibliográficas/arquivísticas
(1) CUNHA, Maria José Assunção da. Iconografia Cristã. Ed. UFOP/ IPAC, Ouro Preto, 1993. Pág. 19. (2) PESTANA, Til Costa. In: Catálogo do Museu do Diamante. Ed. Iphan/ Ministério da Cultura. Pág. 23. (3) MARQUES, Lucia. Metodologia para o Cadastramento de Escultura Sacra-Imaginária. Ed. Contemp. Minas Gerais. Pág. 23-24.