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Santa de roca [fragmento] (cabeça)
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Documento
Anexos
Metadados
Miniatura
Título
Santa Catarina de Alexandria
Número de registro
432
Denominação
Santa de roca [fragmento] (cabeça)
Classificação
Local de produção
Data de produção
Acervo
Museu do Diamante
Procedência
Igreja de N. Sª da Luz | Diamantina | Minas Gerais
Autor
Material/Técnica
entalhe | madeira | policromia | tinta
Temas
Altura (cm)
44
Largura (cm)
26,5
Profundidade (cm)
21
Resumo descritivo
Cabeça de santa de roca, podendo ser também identificada como “santa-de-pau-oco”, correspondente a Santa Catarina de Alexandria, de dimensões médias, confeccionada em madeira (jacarandá mineiro) entalhada e policromada. Objeto em posição frontal, com carnação em tons bege e róseo, tendo couro cabeludo pintado em tom marrom claro, além de dois orifícios no topo do crânio (possivelmente para encaixe de coroa – esta inexistente). Destaca-se na parte posterior da cabeça, lasca em formato ovalado fixada por cravo na parte central. Figura feminina, jovem, com rosto comprido e oval, orelhas aparentes em formato de “S” e em tom rosado, testa curta, cílios, sobrancelhas e olhos pintados em tom castanho escuro, olhar estático (sem grandes expressões), nariz comprido e narinas afiladas, maçãs do rosto em tom rosado, boca fechada com lábios carnudos, tendo projeção do lábio inferior, pintada em tom vermelho claro, e queixo com reentrância. (cont. em observações).“Pescoço fino com a seguinte inscrição no verso, em tinta preta: “St Cath”. Extremidade inferior da peça composta por haste cilíndrica para encaixe na estrutura do corpo. Na testa, destaca-se espécie de remendo em madeira, em formato de “borboleta”, unindo os dois lados da face. O mesmo tipo de remendo se apresenta no pescoço e outros dois remendos na lateral esquerda do rosto. Segundo relato do sr. José Aguilar de Paula – cidadão antigo de Diamantina – essas imagens provavelmente pertenciam à Igreja de N.Sª da Luz (fundada em 1780), que tinha como tradição a procissão de Quarta-Feira de Cinzas Peça provavelmente proveniente da Igreja de Nossa Senhora da Luz, localizada em Diamantina (MG) – vide Dados Complementares. Documentação encontrada no dossiê: 1) Ficha de Acervo Museológico GMCH/MG, em formato de fichário, assinada por Tânia Bravo Leite e por Celina Santos Barboza (1989/1990). 2) Ficha do IPHAN/ 13ª Coordenação Regional, assinada por Ronney Leite Brito, referente à Análise do Estado de Conservação do Acervo/ Museus Vinculados 13ª CR, datada de 13/02/1996.
Marcas/Inscrições
Na parte inferior do pescoço, em tinta preta: “St. Cath”
Dados históricos
Sobre Imagens de Roca: “As imagens de Roca ou de vestir, também conhecidas como “Bastidores”, são aquelas que têm parte do corpo esculpidas e outras em leve armação de madeira, tendo algumas todo o corpo esculpido mais com fino tratamento somente nas extremidades, como cabeça, mãos e pés. Podemos chamá-las, também, de imagens de procissão pois eram muito usadas para essas solenidades religiosas por serem mais leves e fáceis de serem adaptadas nos andores./ Como são vestidas, abriram vasto campo à imaginação e ao gosto da época. As Irmandades, devotos, doadores se esmeravam em cobrí-las com os mais finos e ricos tecidos e jóias./ Segundo o Prof. Valentin Calderon de la Vara, sua origem está ligada à Península Ibérica, onde desde a primeira metade do século XVI tornou-se popular o uso de colocar ricos mantos nas imagens de Nossa Senhora. De acordo com o gosto barroco na tentativa de aumentar o realismo e a dramaticidade, começaram a usar elementos postiços que davam aparência mais natural./ No Brasil, as imagens de roca se desenvolveram graças, especialmente, às Ordens Terceiras, se propagando motivadas, também, pela devoção e gosto popular. Vamos encontrar vários tipos como: (...) III – as que têm as partes do corpo sob as vestes em armação ou bastidores feitos de fina tábua, às vezes recobertas de pano engomado, quando em imagens femininas, para facilitar a composição das vestes. Neste caso, encontram-se a maioria dos exemplos: os que têm somente as pernas em armação; os que têm as partes nobres em papel maché, como algumas peças da coleção de Abelardo Rodrigues, segundo informações do Prof. Valentin Calderon de la Vara./ Na maioria dos casos, os braços são esculpidos com dupla articulação (ombro e cotovelo) e raramente tripla articulação incluindo o pulso. (...) Dentre as imagens mais conhecidas em roca, temos os Cristos representando os passos da Paixão, as Nossas Senhoras, especialmente Nossa Senhora das Dores, Santos Mártires e os Santos das Ordens Terceiras Dominicanas, Franciscanas e Carmelitas.” (1). Sobre Santa Catarina de Alexandria: “Virgem e mártir, nascida em Alexandria, no Egito, no século IV, seu nome deriva do grego Katharos, que significa puro./ Conta-se que Catarina, desde jovem, se dedicava aos estudos de Teologia e outras ciências. Sendo cristã, foi submetida a inúmeros suplícios. A todos persistiu na defesa da castidade e da Fé, à qual a muitos converteu, aumentando, assim, a perseguição do imperador Maximino. Ele ordenou, então, que Catarina fosse colocada sobre uma roda com lâminas cortantes e ferros pontiagudos, os quais, ante o sinal da cruz feito pela virgem, partiram-se. Finalmente, ordenou que ela fosse decapitada./ É invocada padroeira dos oradores./ Sua festa é celebrada a 25 de novembro./ Nas representações, Santa Catarina é uma jovem vestida de túnica, dalmática e manto; geralmente coroada. Traz como atributos o anel virginal, uma roda denteada, uma espada, um livro, a palma do martírio e, a seus pés, a cabeça do imperador.” (2) Sobre a Igreja de N.Sª da Luz, em Diamatina (MG): “Igreja de Nossa Senhora da Luz/ No dia da Apresentação do Menino Jesus no templo de Jerusalém (mistério que se celebra na liturgia católica no dia 2 de fevereiro), o profeta Simeão deu ao Salvador, entre outros, o título de “Luz para a Redenção dos Povos”. A liturgia desta festa desenvolveu o tema da luz sob a forma das candeias ou velas. E como a Virgem Santíssima é também homenageada naquela celebração, atribuiu-se-lhe a invocação de Nossa Senhora da Candelária./ A Capela da Luz em Diamantina foi construída por iniciativa de D. Tereza de Jesus Perpétuo Corte Real, esposa de um sargento português enviado ao Tijuco. Quando ainda em Portugal, por ocasião do terremoto de Lisboa (1755), ela fizera votos de construir uma igreja em honra de Nossa Senhora da Luz. Cumpriu esse voto, quando residindo no Tijuco./ A primeira Igreja primitiva datada das duas primeiras décadas do século XIX, foi grandemente ampliada na segunda metade daquele século.” (3) Sobre Santo-do-pau-oco: “Imagem sacra luso-brasileira que circulou no Brasil na época do grande surto de extração aurífera, e que era usada como veículo para o contrabando do ouro. Fazia-se uma escavação na parte posterior da peça, capaz de abrigar o metal sonegado, e esta era fechada e pintada de modo que não se percebesse a emenda. A imagem não se distinguia, assim, de tantos santos que figuravam no acervo piedoso de igrejas e dos particulares.” (4)
Referências bibliográficas/arquivísticas
Inventário dos Bens Móveis (datilografado) a cargo do artífice referência 20, Assis Alves Horta, no período de 1º de janeiro a 31 de dezembro de 1952, cita nº de registro, quantidade, espécie, grupamento, procedência, data de entrada e valor: “117/ 35 Peças/ Cabeças, pés e mãos de santos, de roca/ Idem/ 1.951". No item Idem, leia-se Igreja da Luz. (1) MARQUES, Lucia. Metodologia para o Cadastramento de Escultura Sacra-Imaginária. Ed. Contemp. Minas Gerais. Pág. 23-24. (2) CUNHA, Maria José Assunção da. Iconografia Cristã. Ed. UFOP/ IPAC, Ouro Preto, 1993. Pág. 103. (3) CARVALHO, Celso de. Igrejas e Capelas de Diamantina. In Caderno de Turismo do Estado de Minas, de 04/03/1999. Págs. 4 e 5. (4) MOUTINHO, Stella Rodrigo Octavio et alli. Dicionário de Artes Decorativas e Decoração de Interiores. Ed. Nova Fronteira, 1999. Pág. 339